No início dos anos 2000, dois imigrantes provenientes da Ucrânia, não sabendo o idioma, país e cultura, vieram para Portugal em busca de uma vida melhor. Cada um com o seu rumo.
Um deles conseguiu um emprego numa empresa de remodelações e passou por toda a escalada profissional desde servente a encarregado.
O segundo empregou-se como jardineiro e cultivava parques e jardins. Cinco anos depois, abriu o seu próprio negócio na área das telecomunicações e foi à falência. Nessa altura viu-se perante duas escolhas: trabalhar como empregado de mesa ou como alpinista industrial. A escolha recaiu sobre alpinismo.
Em 2011, os dois cruzaram-se numa igreja. E ao tomarem café, conheceram-se melhor e decidiram unir forças e criar a sua própria empresa, sendo que o primeiro atingiu o limite de carreira na empresa em que estava, onde o diretor não tinha intenções de expandir o negócio, e o segundo ganhava 800€ por mês numa empresa que estava aos poucos a caminhar para a falência.
Foi assim que em outubro de 2011 nasceu a rk&as Construções, LDA.
Sem dinheiro, sem patrocinadores, sem noção de como desenvolver um negócio, sem a mínima ideia do que as pessoas precisam e sem margem para erro.
Como melgas, deslocavam-se de condomínio a condomínio, oferecendo os seus serviços. Foram desprezados e ouviam expressões do género: «saí daqui, aprende a falar português, vai para a tua terra c*lho!».
Havia também quem solicitasse um orçamento, mas ao recebê-lo informavam que optaram por outra empresa com um orçamento mais caro, porque lhes inspiravam mais confiança.
Era uma luta diária contra a raiva perante as circunstâncias, frustração, vontade de desistir, pobreza, gozo dos conhecidos e até amigos: «Estás mesmo a sonhar que te vais tornar um homem de negócios!», «Não vai dar em nada! É melhor ires procurar um emprego!», mas apesar disso, os dois continuavam a bater de porta em porta a oferecer os seus serviços.
Surgiu no entanto uma oportunidade através de um gestor de condomínios, que lhes confiou alguns trabalhos. O trabalho foi realizado com o maior rigor e diligência, oferecendo ao cliente mais do que o próprio esperava ou pedia. Surgiram os primeiros colaboradores. O banco cedeu um empréstimo para a compra de transporte, equipamentos e algumas ferramentas. Parecia finalmente que as coisas estavam bem encaminhadas. Mas a crise na altura não passou ao lado, e afetou a empresa de gestão de condomínios que lhes estava a oferecer trabalho. A loja de condomínios viu-se obrigada a encerar as portas e a vender a empresa, já à recém-nascida rk&as foi dito que não há verbas para pagar os trabalhos executados…
Mais uma vez a realidade pôs à prova a fé, as esperanças e as afirmações declaradas perante a família, amigos, colegas, perante o mundo e perante sí mesmos, de que vão conseguir e vão ganhar!
Verão de 2014. Num desses dias de Verão, os dois estavam num café a fazer as contas ao estado financeiro da empresa: ordenado para 4 funcionários, impostos, prestação mensal de crédito… O lucro era: 106,50€. Ou seja: 53,25€ para cada um… E mais nada… Atingiram o fundo. Os dois estavam incrédulos: «Como assim? Porquê? Como e com que dinheiro viver daqui para a frente? Como pagar o crédito? Como encarar os amigos e conhecidos?!».
O silêncio foi interrompido pelas palavras – “Se isto continuar assim, teremos que vender tudo para cobrir a maior parte do crédito e fechar a empresa.”
Nesta fase da vida viram-se obrigados a enfrentar a verdade nua e crua e fazer uma triste conclusão: somente com o desejo não se vai longe, não sabemos como construir um negócio, não sabemos as necessidades das pessoas, não sabemos nada além de como pintar um prédio.
Foi nesse Verão que se tomou a iniciativa de investir na formação. E já em Outubro foram colhidos os primeiros frutos.
No início de 2015, a empresa rk&as Construções, LDA recebeu um novo nome: RKESA LDA.
Em vez de correrem de um lado para o outro aos gritos: “Dêem-nos uma casa para pintar,” fizeram uma pesquisa de mercado, começaram a questionar as pessoas sobre os problemas enfrentados na pintura de prédios, o que querem, como querem, o que foi realizado, investigaram quais os preconceitos, medos, dúvidas e preferências das pessoas.
Estudaram a concorrência, os seus pontos fortes e fracos.
Fizeram uma revisão dos seus valores, reposicionaram o dinheiro para em último, e puseram o cliente satisfeito em primeiro lugar da lista de prioridades.
Estes fatores levaram a clientes mais satisfeitos e maior entrada de capital.
O dinheiro ganho era investido na melhoria da qualidade dos serviços oferecidos, contratação de trabalhadores, formação e reestruturação da empresa.
Foi implementado o sistema ISO:9001 – Gestão de Qualidade. Grande parte dos colaboradores passaram pela formação, foi introduzida a estatística e analítica, o atendimento personalizado, o aumento da velocidade do serviço.
Tudo isso levou a um crescimento explosivo. O nome da empresa começou a alastrar-se, as pessoas começaram a reconhecer e a recomendar a empresa aos seus amigos e conhecidos. A empresa crescia a passos largos.
Um ano depois, em Outubro de 2015, os representantes foram convidados para uma conferência dedicada ao microcrédito, como um exemplo de criação e crescimento de negócio.
Em Novembro, um canal televisivo veio entrevistar a gerência nas instalações da empresa.
Em 2016, o volume de faturação ultrapassou o patamar de um milhão e começou a ser formalizado o plano de franchising.
Em 2017, planeia-se a abertura de um centro de formação e expansão da empresa em 5x por todo o país.
O nosso objetivo é criar a maior comunidade de alpinistas em Portugal, abrir centros de formação, desenvolver o alpinismo industrial em todo o país e prestar serviços às infraestruturas como a Ponte 25 de Abril, estádios, fábricas, refinarias de petróleo entre outras.
Futuramente, o plano de expansão irá além-fronteiras portuguesas, para todo o mundo.
